sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Solidão na Metrópole

Bem, voltar a blogar significa revisar tudo o que já escrevi até aqui, porque, por exemplo, no post "Vivendo em Sydney", lá pra maio de 2011, escrevi que Sydney era outro mundo com relação a Canberra.

Hoje mudei de opinião: tudo continua sendo Austrália, ou seja, é tudo igual. Mudanças só na aparência, no movimento.

Sydney tem aparência de cidade grande, mas o povo é o mesmo, os valores são os mesmos, ou seja, você acaba se decepcionando do mesmo jeito. Ah, e não sou eu só quem digo isso não, minha gente, são os próprios australianos ou "Sydney-siders", que é como são conhecidos os moradores desta cidade. Tenho provas disso num artigo do jornal Sydney Morning Herald, para quem sabe Inglês:


Meu marido traduziu o artigo, mas quando foi pedir licença para publicá-lo, o jornal exigiu $70 dólares para cobrir o copyright. Ele desistiu. Afinal ele ia divulgar o jornal no Brasil, "idiots" mesquinhos! Talvez mais adiante, quando a notícia deixar de ser "quente", passe a ser grátis, como tantos outros artigos daquele jornal disponíveis online. Espero que o jornal não cobre por colocar o link pra sua reportagem aqui. Money, money, money!

Algumas coisas são melhores em Sydney, como os preços das coisas, outras coisas são piores do que em Canberra, como... o preço das coisas. 

Por exemplo, moradia é muito mais cara em Sydney, mas passagens de ônibus são mais baratas. Você tem mais coisas pra ver em Sydney do que em Canberra. Sydney tem muito mais movimento, o trânsito por vezes é caótico, mas por incrível que pareça, na planejada Canberra também tem problemas de tráfego assim como em Brasília. O lance lá é o mesmo de Brasília, os governos não gastam dinheiro "prevendo" como o tráfego vai se desenvolver com o crescimento da cidade, e resumem-se a "apagar o fogo", remediando o tráfego quando ele se torna caótico em certas vias, perdendo produtividade ao aborrecer o povo e tomar seu tempo ao léu. É um tipo de corrupção.

Me lembro que, 15 anos atrás, ficávamos presos no eixo monumental em Brasília, uma estrada curta de 6 faixas saindo da cidade até a estação rodoviária. Ora, 6 faixas, e engarrafamento numa cidade planejada, como é que pode? Pois em Canberra você sofre do mesmo jeito. Meu filho, que esteve no Japão, falou que lá eles constroem ou consertam autopistas em 2 dias. Na Austrália leva 2 anos. Vocês já viram este disco?

A estas alturas estou convencida de que para a Austrália não tem jeito mesmo não. Aonde quer que você vá, é tudo igual, as pessoas se comportam do mesmo jeito. No início, aqui em Sydney, cheguei a me empolgar porque conseguia conversar com muita gente. Mas eram pessoas donas de estabelecimentos comerciais, todas de raças diferentes. Ainda hoje mantenho boas relações com todos eles (exceto um dono grego de doceria que avançou um pouco o sinal, he, he), mas amizade mesmo que é bom, nem-nem. Eles nem tem tempo pra isso, coitados.

Isso quer dizer que continuo sozinha num deserto no meio de uma metrópole internacional. A Austrália não é só deserta no centro, é deserta nas pontas também.


É chato ser diferente...
Sydney ainda se parece com o Brasil na bagunça da cidade, em suas ruas estreitas e tortas, e nos buracos no asfalto remendado. Mas o "polvo", minha filha... não tem jeito.

Agora me lembrei daquela piada que diz que o Brasil é um paraíso mas olha o povo que Deus colocou lá. Acho que esta piada também se aplica à Austrália.

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