domingo, 25 de setembro de 2011

O Show Australiano

Há-se de convir que a Austrália produz shows de alta qualidade.

Não sou de ir a shows, mas os que vemos na TV são de boa qualidade. Os poucos que vimos promovidos pelas escolas primárias e secundárias, também são geralmente muito bons.

Até alguns anos atrás a TV mostrava um grande show feito pelos estudantes que estavam se graduando em artes performáticas a nível secundário chamados “School Spectacular” (“Espetáculo Escolar”) desde 1984. Estes shows tinham qualidade muito boa, mas o que me intrigava por demais era o nível de compromisso que estas “crianças” tinham com o que eu considerava um “simples espetáculo” de televisão. Não sei se ainda é mostrado na TV porém o show continua sendo montado no “Sydney Entertainment Centre” (Centro de Entretenimento de Sydney). 


Cartaz do Show dos Estudantes de Artes Performáticas em 2008
Okay, para eles é crucial. Trata-se de provavelmente a primeira aparição pública deles, mas o que mais me impressiona também é o número de adolescentes desejando entrar para este mundo de fantasia. Tenho a impressão de que seria muito mais importante eles se interessarem por “profissões de verdade”, como médicos, engenheiros e tal. Me intriga como é que pode haver tantos estudantes estudando simplesmente “arte” e tantos envolvidos nestes shows.

Show Anual dos Estudantes

Havemos de convir que estes estudantes, que são centenas em cada show anual, são escolhidos entre os melhores de todas as escolas que ensinam “artes”. O interessante é que os estudantes que escolhem fazer “artes”, geralmente são aqueles que não querem nada com a vida. “Artes” é a matéria escolhida por falta de outra, o “default” (escolha por
omissão).

Há de se convir também que o trabalho final fica muito bom porque quem monta, coreografa e dirige, com certeza
são pessoas experts, que sabem usar o talento de cada um pra montar um show com várias partes, desde peças musicais, ballets, até música com cantores e instrumentistas, todos estudantes. Se um estudante mostra-se especialista em cantar, provavelmente lidera uma cena musical em que ele ou ela é o astro. Nisso entra até cantor de ópera “mirim”. Um instrumentista fora de série recebe uma peça só dele, com outros acompanhando. Um estudante que já havia formado uma banda, tem chance de mostrar seu trabalho, cercado de bailarinos. E para a maioria, ela é jogada nos figurantes, dançando, fazendo número, cantando em coral, correndo de um lado pra outro, estas coisas.


Aspirantes à fama
No fim fica um espetáculo de nível excelente, considerado no Guinness Book of Records como o maior show de variedades do mundo. O “School Spectacular” é um concerto envolvendo 3.000 estudantes de 300 escolas do estado de Nova Gales do Sul (New South Wales, NSW). Nos programas “School Spectacular”, não há jurados, são apenas para mostrar o trabalho dos estudantes.

A um tempo atrás, a TV inventou alguns programas ao vivo, melhores do que os surrados e polêmicos ‘big brothers”. Estes programas, por exemplo, elegem o “Australian Idol” (ídolo australiano) do ano, e tem versões norte-americana e inglesa também. Este programa lançou muitos artistas de alta qualidade ao longo dos anos, mas tambem provocou polêmicas demais, quando os jurados passaram a agir como que “comprados”, devido aos seus votos equivocados.


Versão australiana do programa inglês e norte-americano
A outra polêmica foi que era o povo quem votava e ajudava os jurados a elegerem os “melhores”, mas isso fez com que excelentes futuros profissionais fossem barrados pelos mais diversos motivos, como idade, aparência, cor, raça, nacionalidade, ou até uma resposta desaforada a uma crítica ridícula de um jurado, porque quem mais votava eram aquelas fãs desmioladas que gritam e compram revistas de fofocas com celebridades, então elas votavam em homens por causa da aparência, ou em alguma garota como elas. Eram votos dados através de telefone. Nós, telespectadores, passamos a ficar tão ultrajados, que desligávamos a TV quando o primeiro excelente candidato ia pra forca. E não mais assistíamos àquela série.

Outras vezes as fãs elegiam como primeiro lugar um cara bonitão, mas de talento “normal”, o que o garantia apenas o primeiro disco de sucesso, e ainda outras vezes, mesmo os que perdiam ou tiravam em segundo ou terceiro lugares, conseguiam sucesso no mercado e produziam vários CDs e shows. Mas o número de gente boa recusada estava sendo maior do que o de “porcarias”, então o programa virou uma bandalheira. Chegávamos a ver o comportamento de certos “jurados” tendo que emitir opinião claramente contrária ao que pensavam, provavelmente por alguma imposição da diretoria da TV ou coisa do tipo. Uma tristeza. Diante de tantos problemas e reclamações, acabaram com este programa poucos anos atrás, assim como o Big Brother que estava virando uma verdadeira baixaria. Agora eles tem o Caça Talentos (“Australia's Got Talent”), que pode ser um cantor, um dançarino, um mágico, um músico, etc.


No palco enfrentando os monstros, nem todo mundo aguenta
Para os últimos programas Australian Idol, mais de 50.000 pessoas se enfileiraram para os testes em várias cidades e turnos, em idades entre 16 e 25 anos. Muitos estudantes que participaram do School Spectacular venceram em programas como o Australian Idol, que teve 6 edições, e outros como “Do You Think You Can Dance?” (“Você Acha que Sabe Dancar?”) e “Australia's Got Talent” (“Australianos Tem Talento”)

Hoje em dia os programas proliferaram incluindo concursos de cozinheiros, de arrumar noivos e noivas, de trocar de esposas, de bab
ás de crianças endiabradas, de domar cachorros mal-comportados, sem falar nos eternos programas sobre modificações em casas ou construções arquitetônicas. Os programas “realidade TV” estão em toda parte.

Um dos melhores que passaram na TV SBS do governo foi sobre “asilo seekers” (pessoas procurando asilo), ou “refugees” (refugiados), chamado
Go Back To Where You Came From (Volte pra Onde Você Veio). Elegeram australianos comuns para viverem como refugiados em várias partes do mundo a fim de mudar a visão da sociedade sobre este problema crescente que assola todos os países do mundo atualmente. 

Australianos escolhidos por representarem classes diferentes: um jovem político líder dos “jovens liberais”, uma jovem auto-proclamada racista do controvertido bairro de Blacktown, uma fazendeira que teve o azar de ver instalado um centro de refugiados nas vizinhanças de sua fazenda, um “homem de família” influenciado pela mídia, um surfista salva-vidas da praia de Cronulla onde ocorreram brigas racistas entre os australianos surfistas conservadores e os bombados descendentes de imigrantes do oriente médio, e uma simpatizante da causa dos refugiados.
Entre eles haviam racistas convictos, que no final acabaram por mudar de idéia, incluindo uma jovem “bitch” que acabou descobrindo que tinha coração e que tinha sido muito “bitch” realmente, uma grande evolução. O programa foi engenheirado e guiado por um ativista na área de refugiados, e o grupo chegou a visitar Palestina, Iraque, Malásia, Liverpool (bairro de Sydney que concentra imigrantes africanos) e alguns países da África, onde encontraram os parentes dos que conseguiram imigrar legalmente para a Austrália e hoje vivem bem.

Os contestantes em frente a um meio de como refugiados chegam na Austrália, barcos
Mas voltando ao assunto dos shows, todo ano tem show natalino em todas as cidades, ao vivo, com muitos cantores desconhecidos e orquestras da mais alta qualidade, incluindo alguns “astros” descobertos nos tais shows dos adolescentes de curso secundário.

Frequentemente há mais shows em outras épocas do ano, quando promovem queima de fogos para concentrar as pessoas no centro das cidades ou “towns”, a fim de comemorar-se alguma coisa.

Pra quem gosta de shows, Sydney é uma boa cidade pra se morar, o que já não é o caso da pobre Canberra.

Eu comecei este post com a intenção de salientar o quanto a juventude australiana é frívola e valoriza a vida de celebridades, almejando entrar para o pequeno círculo dos artistas bem pagos. É um número assustador de estudantes tentando de tudo para se tornarem celebridades, uma verdadeira calamidade. Falei que são os piores alunos que procuram “artes” porque, não sabendo fazer nada e nem sendo bons em nada, eles tentam qualquer macaquice pra ver se dão certo.


Verdade que, no meio de tanta ignomínia e perda de tempo, tem gente de talento verdadeiro, um talento incrível e fora do comum. A Austrália contribui com muitos destes talentos para o mundo dos espetáculos mundiais de m
úsica e de cinema, como os Bee Gees assim como o filme “The Matrix” foi filmado em Sydney.

Cultura Polêmica


Então, como um exemplo das injustiças de que falei, entre 5 finalistas, Tarisai Vushe foi arrasada pelos jurados do programa Australian Idol de 2006 quando na apresentação anterior ela tinha sido coroada de um sucesso extraordinário. Nós, macacos velhos, achamos que ela foi fritada por ser de outra cultura, outra raça, e por ser muito superior aos outros. “Inveja mata”. Além disso parece que ela tem pavio curto também. Pesquisando na internet, acabei descobrindo que ela foi punida por sua religião e porque ela mantinha uma atitude discreta de humildade no palco.

O que eles esperavam? Ela é realmente estouvada, mas no palco mantinha a linha. Eles queriam que ela mostrasse sua “attitude” (que é como se fala quando alguém tem personalidade, diz-se que tem “atitude”). Sabe o que eles fizeram? Chamaram ela de “fake” (no caso, de mostrar falsa
modéstia). Eles queriam briga. Acabaram enfurecendo ela e cortando sua chance de subir ao pódium como vencedora.

Mas a africana Tarisai voltou! Seu web site é fabuloso e sua voz é páreo para Withney Houston e Beyonce. Como alguns outros artistas que falharam nestes programas Australian Idol, ela sobreviveu e tornou-se uma artista de sucesso.

Veja algumas das apresentações
da Tarisai no Australian Idol nestes vídeos:




Veja nos seguintes links, o web site oficial da Tarisai, a história do programa Australian Idol na Wikipedia, o site do School Spectacular, do Centro de Entretenimento de Sydney, e da série Volte pra Onde Você Veio” na TV SBS, infelizmente tudo em Inglês:
 
http://www.tarisaionline.com/
http://en.wikipedia.org/wiki/Australian_Idol
http://www.schoolsspectacular.com.au/2009/index.php?page=abouthttp/
http://www.sydentcent.com.au/
http://www.sbs.com.au/shows/goback?cid=23225 

sábado, 17 de setembro de 2011

Churrasco à Brasileira

Dos 15 tipos de carnes servidas, 2 eram doces, 3 eram apimentadas.

Uma pequena porção de feijoada, uma cumbuquinha de farofa, outra de batatas com um molho de queijos muito delicioso mais uma cumbuquinha com vinagrete e outra com um molho alaranjado com cara de apimentado. Uma repetição a pedido.

Infelizmente perdi nossas fotos, espero que não me cobrem por reaproveitar estas da internet.

As carnes eram servidas em pratos, já cortadinhas. Nada de espeto. Do espeto, só corações de galinha, chouriços de frango ou calabreza. 

No espetinho so coração de galinha e linguiças, para o horror dos australianos. Ja viram caipirinha nesse copão?
Carnes finíssimas, super-macias, algumas muito gostosas, mas não exatamente ao estilo brasileiro. Só lembrava brasileiros, mas tudo neste restaurante era muito mais ao estilo australiano.

Churrasco, Brazilian Style BBQ ("barbeque")
Temperos doces e apimentados porque os australianos praticamente exigem isso, pois só comem assim. Então tem que agradar a eles para ter clientela, porque eles não gostam de “ousar” muito. Morrem de medo de tudo, de sal, de açúcar, mas não morrem de medo de pimenta braba, que dá até câncer de esôfago.

Ambiente descontraido, lógico

O presunto servido também estava gostoso, mas doce e com mostarda, que estranho, não é?

O porco estava delicioso, todas as carnes estavam excelentes. Mas os cortes das carnes são australianos. Nada de picanha, maminha, alcatra, cupim, etc. Só o filé coincide com o brasileiro, o resto leva outros nomes, como “sirloin”. Pequenos pedaços, não como aqueles cortados direto do espeto lá no Brasil.

Batatas quase dão banho no churrasco
Um alemão nosso amigo nos falou que é costume na Alemanha servir algo parecido com churrasco brasileiro no Natal. Como tem colônias de alemães no sul do Brasil, até que ponto pode haver influência deles no famoso churrasco gaúcho?

Praia de Coogee, a mais perto da Universidade de Nova Gales do Sul (New South Wales)
Este restaurante, o Churrasco (http://www.churrasco.com.au/), fica na praia de Coogee, em Sydney, mas existem mais 2 destes em outros subúrbios. É sem dúvida brasileiro, mas tem um sabor australiano. Até os garçons que falam Português parecem mais australianos do que brasileiros. Por ocasião do dia dos pais deste ano, aqui comemorado no primeiro domingo de setembro, tivemos o prazer de conhecê-lo para matar as saudades do Brasil. 

Praia de Coogee, com pinheiros!

Não há limite para o quanto se come, mas nada de self-service de saladas ou acompanhamentos. Acompanhamento é mínimo, como falei acima, mas o churrasco já dá para compensar, não é mesmo?

Rua da Churrascaria


Existem alguns restaurantes de comida brasileira em Sydney. Mas não existem em Canberra. O único Português que vendia produtos brasileiros não durou muito. Como diz um amigo nosso, Canberra não pode ser comparada com Sydney, Canberra é uma cidade de interior. Ninguém em Sydney pode gostar de Canberra.

Carnes já vem cortadinhas, deve ser para agradar os melindrosos australianos, que aqui carne é bicho raro

No restaurante eles costumam nos dar uns cartões verde ou vermelho, para comer mais ou avisar ao garçon que já se parou, não sei se já adotaram este sistema aí no Brasil, pelo menos não se usava na nossa época. Mesmo assim eles ainda ofereciam. Muito corteses.

Pra fazer o garçon parar, vire a rodinha

Depois de sairmos de lá, um sorvete italiano no vizinho, ou uma caminhada na praia super-lotada de um domingo dos pais, numa bela tarde de sol. Em seguida, uma caminhada saudável para se “resgatar” o carro, estacionado a várias quadras, subindo e descendo ladeiras, aliás, um bom exercício para depois de um almoço deste, mas pelo menos, estacionado de graça!

Querem saber mais? Acessem os seguintes links em Inglês:


Agora vejam o que eu achei na internet quando procurei comentários em Português. Se quiserem saber como é que os brasileiros tipicamente esnobes se referem aos restaurantes brasileiros em Sydney, visitem este site: http://www.brazilaustralia.com/restaurantes-brasileiros-na-australia/
 
Mas também leiam os comentários mais positivos de brasileiros menos esnobes. Precisamos valorizar nossa cultura, minha gente, ela é muito rica e invejada pelo mundo inteiro que, quando bota defeito, é porque quer comprar. E na Austrália você não sobrevive se não adaptar os gostos ao do australiano.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Academia de Ginástica

Desde jovens que frequentamos academias de ginásticas no Brasil.

Então, a certa altura do campeonato, resolvemos frequentar aqui também, em Canberra.

Começamos logo nos aborrecendo.

Primeiro, tem academias só para mulheres. Ora, não estamos mais vivendo em tempos medievais, mas o fato é que existem mesmo várias academias só para mulheres. Talvez seja por isso que tem tantas lésbicas, ou seria o contrário?

Obviamente que esta não seria minha academia predileta, até porque meu marido não poderia ir também. Então escolhemos uma mixta.

Pra começar, tivemos que marcar uma reunião com um treinador. Ele fez muitas perguntas e tal, qual o motivo nós não sabemos, porque com o andamento da coisa, aquela palhaçada acabou não servindo de nada.

Aqui na Austrália, acho que o privilégio é dos negócios, e os clientes que se danem. Se o cliente não gosta, vá passear. Eles sobrevivem sem clientes... bem, provavelmente não, devem sobreviver porque os “clientes” daqui são uns bananas e se submetem a tudo.

Pois bem, no Brasil estavámos acostumados a pagar pelo que tínhamos, mensalmente. Podia-se até pagar por aula avulsa. Aqui você tem que pagar por 1 ano, no mínimo. Ou seja, se você não gostar, perdeu o dinheiro e que se exploda. Devolver, jamais. Aliás, tem um esquema de devolução, mas é tão complicado que é melhor desistir. Outro detalhe interessante: a academia só fica aberta para aulas em grupo entre 7 e 10 da manhã e depois das 5 da tarde até 8 da noite. No resto do dia só funciona as máquinas que estão lá e que você faz individualmente.

Isto quer dizer que neste intervalo, dondocas não podem fazer aulas em grupo, justo o período em que as crianças estão na escola e você está livre. Vai ver aqui não tem dondocas, ou as que tem, podem pagar “personal trainner” em casa.

Quando começamos, tivemos direito a 4 sessões com acompanhamento do treinador pelo que pagamos “up front” (adiantado). O treinador, muito simpático, tirou medidas, pressão, preparou um esquema de exercícios para cada um de nós, explicou os exercícios um por um, as máquinas, como funcionavam, porque a maioria delas nós não conhecíamos. Talvez tenhamos ficado muito tempo sem ir a academias porque as máquinas evoluiram e não sabíamos mais como usá-las.

Equipamento
Nosso “plano” dava direito a duas sessões por semana. Mas depois da quarta sessão, o treinador sumiu. Para tê-lo de volta, teríamos que pagar mais, à parte. Ora, nunca precisamos de treinador no Brasil. Minto. Eles estavam sempre à nossa volta, prontos para responderem perguntas e ajudarem nos treinamentos. Aqui não, eles só aparecem se você paga! Se não paga, que se exploda e se entorte todinho, e fique aleijado.

Isso porque, obviamente, o que tem de gente que não paga a mais, explica o número de pessoas fazendo exercícios errados e adquirindo más posturas. Nós víamos aquilo, nos entreolhávamos, e ficavamos só observando que ninguém prestava atenção a ninguém.

Havia uns treinadores zanzando pela enorme academia. A maioria jovem, algumas mulheres, umas machonas, outras estilo “bitch” (putinhas), daquelas esganiçadas que grudam umas nas outras no qui-qui-qui, e no cá-cá-cá, um nojo. Alguns rapazes treinadores também entravam nessa, principalmente quando a “cliente” era uma garota bonitinha. Eles encostavam e não saiam mais, o resto da cambada se acabando de fazer tudo errado, e ele lá, folgado, no bem-bom, namorando publicamente, ganhando pra arranjar o que fazer no fim de semana.

Alguns clientes pagavam para ter exclusividade. Isso saía bem caro. Havia até alguns que traziam seus “personal trainers” a tira-colo. O cara, fortão, ficava agarrado no cliente o tempo inteiro, daqui pra lá, de lá pra cá, explicando tudo, esticando as perninhas deles, colocando almofadinhas nos bumbuns deles, e por aí vai.

Enquanto no Brasil, na nossa época, só havia jovens bonitos, sarados e bronzeados fazendo ginástica, e até os coroas pareciam jovens de tão malhados e plastificados na cara, aqui a maioria é de velhos alquebrados. Menos da metade é jovem, a maioria são pessoas “normais”, a maioria chega sozinha, faz ginástica sozinha e sai sozinha. Poucas tem amizades ali, a maioria faz suas obrigações e se manda.

Piscina coberta
Dentre os clientes que partilhavam do nosso horário, havia mulheres que queriam perder peso, pessoas com deficiências, talvez se recuperando de acidentes, fazendo fisioterapia mais avançada. Havia grupos de dois rapazes, de duas moças, cada um na sua. Senhores também sozinhos. E algumas poucas figuras a fim de alguma coisa a mais, como um halterofilista da idade do meu marido que também gostou da escolha do meu marido para companhia feminina. Mas não sei porque, o carinha sempre dava um jeito de ficar sob o meu olhar, exibindo os músculos, muito bem colocados para sua idade, por sinal.

E não é que eu encontrava ele no ônibus também, de vez em quando? E eu acho que o cara era milico, tinha todo o porte de milico, cabelo de milico. Mas eu prefiro meu gordinho civil...

A Academia

Escolhemos uma academia no bairro mais próximo. Suas instalações por fora não dizem nada, mas por dentro, vamos ser justos, era bem montada. Dois andares. No andar de baixo, quadras cobertas de esportes tipo squash, futebol de salão e uma piscina semi olímpica coberta, e mais outra pra crianças. Esta piscina era climatizada, e dava para um imenso parque que rodeiava a academia, com imensas portas basculantes de vidro em meio a uma enorme área envidraçada, parecendo que os banhistas estavam ao ar livre.

Ao redor da piscina, várias mesinhas e cadeiras. No meio da piscina, a cadeirinha alta do salva-vidas. Podíamos assistir a tudo o que rolava na piscina lá de cima, através de mais vidraças enormes que rodeavam toda a academia que ficava no primeiro andar, com vista privilegiada para o parque e para a piscina. 

Ora, para mim piscina estava fora de cogitação, mesmo eu tendo sido apaixonada por piscina como fui. Porque? Já falei em outro post que nada de exame médico pra frequentar a piscina, então eu mesmo não me arriscaria. Já vi bandaid e outras coisas mais nas piscinas públicas de Canberra, o bastante para eu perder o tesão por elas e ter nojo.

No primeiro andar ficava a academia e algumas salas para as aulas em grupo as quais falei acima que tinha horário para funcionar e também as máquinas muito sofisticadas e caríssimas, cheias de eletrônica, muitas vezes sem funcionar (!).

De frente para vários lotes de máquinas havia 3 grandes TVs na parede transmitindo programas diferentes, mas sem som. O som era música, por sinal bem alta, e frequentemente insuportável. Para ouvir as TVs, só sintonizando elas em rádios de “pulso”.

Faltava o que olhar porque as academias daqui não tem aquela fartura de gente bonita que desfila no Brasil e nos enche a vista, além do que não é proibido olhar pra ninguém. Aqui nem se pode olhar, que as figuras são esquisitas e não devem gostar. Todo mundo se ignora, ou faz que se ignora. De vez em quando a gente pega alguém nos observando pela variedade de espelhos uns contra os outros, de um jeito que você vê uma pessoa num deles, e a pessoa está a dezenas de metros, de costas pra você e até fora do ângulo de visão. Espelhozinhos sabidos aqueles!

Espelhos marotos
Frequentamos, ou melhor, aguentamos 1 ano daquilo, sempre com problemas pra estacionar, tendo que escolher horários em que as pessoas já estavam indo embora, etc. Depois de 6 meses que deixamos a academia resolvemos comprar alguns aparelhos e colocá-los em casa, que sairia mais barato, e assim fizemos. Os aparelhos dançaram quando mudamos para Sydney, pois tivemos que vendê-los por falta de espaço.

Mas em Sydney, é um prazer caminhar, não precisamos muito de academia e se precisássesmos, o esquema seria o mesmo, pelo visto é válido para toda Austrália, andei checando...

Caminhadas 

Muita gente caminha em Canberra. Aliás, a Austrália inteira é feita praticamente para os caminhadores. Tem caminhos em toda parte. É muito cuidado e carinho com esta população, não é mesmo? Eles constroem tudo mas não se esquecem de colocar lá os passeios para os caminhantes amantes da natureza. E para bicicletas também, hoje em dia.

O problema é que em Canberra, caminhar era programa de índio e nós não gostávamos de caminhar lá. Bem que tentamos. Havia vários motivos para não gostarmos. Primeiro, tudo é muito vazio. Caminha-se no meio do “bush” (mato) ou do nada, não se vê nada, não se cruza com ninguém, é tudo muito “boring” (entediante). Mesmo caminhando com meu marido e consequentemente tendo muitas coisas para conversar e nos encher de gases que dão a famosa “dor de viado”, quando fazíamos a mesma rota 3 vezes, virava enfadonho.

O melhor seria caminhar na frente das casas, para ver como são, curtir seus jardins belos e arrumados, e ainda sacar como é que o povo vive, aqui e acolá. Mas isso não é sempre possível, porque nem todas as ruas tem calçadas.

Okay, fizemos essa caminhada uma vez, duas vezes, três vezes e pronto, ficaram cansativas. Ora, nada acontece. Nem mesmo os cangurus no alto da montanha nos causavam mais excitação. Só da primeira vez. Quando casualmente encontrávamos um canguru no meio do caminho, daí ficava mais excitante, mas depois disso nunca mais. Muito difícil dar de cara com um canguru. Cangurus só gostam de frio. No calor eles somem.

Outro detalhe é que só podíamos caminhar no fim da tarde, porque antes disso o sol era escaldante e nos cozinhava. No fim da tarde, todos os gatos são pardos, e a gente daqui a pouco não enxerga mais nada na famosa escuridão de Canberra, onde as lâmpadas dos postes só iluminam eles mesmos.

As pessoas em Canberra estão acostumadas à solidão. Elas caminham sozinhas, ou andam de bicicleta sozinhas, no meio da vastidão de parques e arbustos, no meio do nada. No máximo saem dois, mas mal conversam. Eles fazem tudo juntos mas mal trocam palavras. Até andar com o cachorro também é uma atividade solitária. É tudo muito solitário. Algumas pessoas levavam as crianças em suas bicicletinhas, mas isso é raro.

Quando eu caminhava ao redor do lago da região em que morávamos, Tuggeranong, eram grandes distâncias sem nada também. Casas ao longe, lago sem graça, sem uso, sem barcos nem pescadores, muito raros. Todos os caminhos sempre calçadinhos, algumas trilhas por entre as árvores, bucólicas, mas solitárias. Eu costumava andar com uma amiga, e então podíamos conversar. Mas a gente se torna muito enfadada com as mesmas caminhadas de sempre, com pouco pra se ver, pra se descobrir. Muita gente deve achar isso o paraíso, mas para nós é a morte.

Na primavera brotam as flores, as plantas ficam lindas, cheias de cores, se bem que bastante efêmeras, durando 4 semanas mais ou menos, apenas. Mas até isso é enfadonho. E o pior, elas dão uma alergia terrível, a tal da “hay fever” (que se pronuncia “reifíver”, a febre do feno – ou da palha). Acabei tendo, e meus filhos também, mas meu marido ainda não teve, sorte dele. Fica-se como se estivéssmos gripados, olhos vermelhos, coçando, nariz fechado, espirra-se muito, dor-de-cabeca e algumas pessoas chegam a ter crise de asma. A gente se sente prostrada e não tem remédio pra isso, só paliativos e tratamentos naturais. Tudo graças ao pólem das maravilhosas flores da primavera soprados pelo vento desta terra seca! Uma tortura.

A "febre" do feno nos deixa assim
A festa mais importante de Canberra é justamente Floriade, onde eles plantam principalmente tulipas num enorme jardim cheio de desenhos feitos com flores, cujo passeio ainda é de graça e atrai turistas da Austrália inteira. No início nós íamos todo ano, mas depois que desenvolvemos a tal “hay fever”, não deu mais. Além do que todo ano é a mesma coisa, com pouquíssima variação ou novidades. Cansa, como tudo naquela cidade.

Em Sydney não temos “hay fever”, graças a Deus, todo mundo se curou.

As caminhadas aqui em Sydney são bem diferentes. Sempre tem gente pra se ver, é uma cidade viva. As ruas tem calçadas como uma cidade normal, com uma grande profusão de árvores e vegetação, e o traçado é “normal”, a gente não se perde e não é difícil orientar-se, coisa muito complicada em Canberra onde as ruas “planejadas” faziam curvas e frequentemente acabavam no mesmo lugar. Meu cachorro agora adora passear.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Creches

A propaganda da Austrália no Natal é a coisa mais linda do mundo. Um coral de crianças vestidas de branco como anjinhos num imenso campo verde. Em matéria de espetáculos pra aparecer, os australianos são mestres desde pequenininhos. Já são treinados nas escolas para fazerem “dramas” (shows).

Ninguém jamais pode imaginar os problemas que existem aqui para se criar crianças decentemente.

Começa com as creches. As creches são um horror! Além disso, custam os olhos da cara. Muita gente não consegue pagar e também não tem com quem deixar as crianças. É um rolo só, um pesadelo. Depois ninguém sabe porque as populações não crescem…


Fora as creches, as outras opções para as famílias deixarem as crianças são os “family day care” (famílias cuidadoras), que são pessoas que decidem tomar conta de crianças em casa, e por último tem as “nannies” (babás) que vão na casa da família para cuidar da criança lá, funcionando  como uma espécie de “baby sitter”. Para estas opções também é preciso ter cursos do mesmo jeito que para trabalhar em creches.

Comecei a fazer um destes cursos e desisti, devido a tanta teoria que nem era aplicada na prática, e isto eu pude ver de perto, pois consegui estagiar em duas ocasiões e falarei mais a seguir.

A outra dificuldade é que estes cursos são muito difíceis para quem não tem um Inglês perfeito. Além disso, as “famílias cuidadoras” tem que ter suas casas devassadas, esquadrinhadas pelos funcionários do governo, e aprovadas para que possam receber as soberanas crianças. A outra exigência é carteira de motorista e carro próprio, e isto quer dizer, se você não dirige, não tem um carro, não tem um bom Inglês ou não tem uma casa aprovada, então você está descartado deste tipo de trabalho, não importa quão adequada você é para o trabalho.

Aqui na Austrália, só o fato de você ser mãe, não importa, se bem sucedida ou não, você tem que seguir as regras deles.

Mãe aqui não vale nada. Experiência com crianças não vale também. O que eles valorizam são os cursos que eles dão, os currículos que eles consideram certo, um barato, supimpa. Então, pra começo de assunto, quem consegue se graduar nestes cursos são as pós-adolescentes que não querem nada com a vida e não arrumaram nada melhor.  Mulheres jovens que  nunca tiveram experiência com crianças, que não se entrosam com elas, nem sequer gostam de crianças, e não têm o menor interesse na “carreira” profissional. Estão alí só passando chuva.

Bem, depois de ter ficado longe do meu trabalho por tantos anos para criar as crianças, decidi que gostei tanto da tarefa, e fui tão bem sucedida, que quiz mudar de profissão e trabalhar com crianças. Gosto delas e elas gostam de mim, sou muito querida por todas, exerço uma real atração mútua, sei interagir com elas, conseguir as coisas, e sei como mantê-las obedientes e se tornarem pessoas de bem e de futuro. Em suma, sou super-qualificada para a tarefa! E pós-graduada na prática.

Então, como falei, depois de algumas tentativas, consegui a oportunidade de estagiar numa das melhores creches de Canberra. Era uma creche exclusiva para filhos de funcionários de um determinado alto orgão do governo. É importante dizer isso porque o que eu assisti ali envolvia talvez a mais alta elite de funcionários públicos de Canberra, ou seja, devia ser uma coisa especialíssima.

Exemplo de creche na Austrália, em Northern Territory
Oportunidades para estagiar, normalmente tem que ser indicada por alguém, principalmente se você não tem o curso. Você tem que ter o famoso QI (quem indicou). Como eles não vão ter que te pagar, eles aceitam, mas com a condição de que, se eles se interessarem por você ou você pelo trabalho, eles te contratam, mas você tem que fazer o curso no tempo determinado por eles. Até aí você é apenas considerada uma “desqualificada”, em termos de não ter especialização no serviço (e não como uma piranha ralé, bem entendido).

Na minha entrevista, a primeira coisa que ouvi antes de começar a trabalhar foi: você não pode sair por aí dizendo o que acontece aqui.

Ah, meu amigo, que diabos de conselho é esse? Se eu não posso falar, é porque tem coisa errada. E como tinha!

Pelo menos não vou falar onde é, depois me processam aí, ó.

Tem problema pra todo lado. Começa que não tem gente suficiente. A maioria que trabalha normalmente nestas creches é de outra raça, as australianas são geralmente as jovens que fizeram o curso, as quais eu falei acima. As salas são divididas de acordo com a idade da criança e tem uma média de 20 crianças e 4 funcionários, sendo que 1 deles é o “team leader” (líder de time), aquele que só dá as ordens e discute os problemas com a coordenação. Existe muita competição e fofoca nestes lugares, grupinhos se formam e torna-se um inferno para trabalhar, principalmente quando a líder não vai com a tua cara. Como estagiária e sem curso, você tem que fazer tudo que ela manda e principalmente o que as outras não gostam de fazer, sobrando sempre o pior para você.

A desculpa é que você não tem a qualificação que eles exigem e está praticando, e o pior, de graça. 

Não interessa se você gosta de crianças, se se entrosa com elas facilmente, se elas em contrapartida te adoram e correm pra você quando você chega. Eles são cegos para isso e insensíveis. Até os pais não gostam de ver a criançada lhe rodeando. Eles tem ciúmes! Tudo o que interessa para eles são os cursos, as exigências, as normas, a burocracia, tudo menos a felicidade das crianças. Não devia ser exatamente o contrário, minha gente?

Nestas salas as crianças tem horário para tudo. Não se pode ficar à vontade com as crianças. É hora pra dormir, hora pra comer, para fazer xixi, para se lavar, hora de brincar, hora de guardar os brinquedos, isso todo santo dia, hora disso, hora daquilo. Ora essa.


Começa o dia com as crianças tendo o “breakfast” (café da manhã), porque nem isto os pais são capazes de dar antes de despejá-los na creche. Acabando, vão brincar, hora da bagunça. Na metade do dia eles têm que trocar as fraldas, então 2 funcionários vão fazer a troca enquanto 1 só, com uma pequena ajuda da líder, fica controlando o resto da sala, aproximadamente 18 crianças para apenas duas pessoas. Imagina o que não acontece, as crianças ficam endiabradas e não tem quem as controle. Na troca das fraldas, surgem alguns pequenos problemas, as crianças tem que subir uma escadinha para deitar em um balcão alto para serem trocadas, aí elas não querem e também não se pode colocar elas lá, por “questões de segurança”, e quando uma delas empaca, sai de baixo.

Quer dizer, a coisa mais fácil do mundo que é colocar uma criança numa mesa, se torna um Deus nos acuda. Que “segurança” que nada, é paranóia de pedofilia mesmo, até porque também tem homens trabalhando em creches.

Chegada a hora do almoço, mais duas pessoas tem que organizar as mesas, outra hora infernal, as crianças continuam desatendidas e é uma gritaria só. No almoço, sujeira para todo lado, comida cai no chão, eles pegam de volta e comem e os funcionários fingem que não vêem, eles se lambuzam todos e tem que permanecer com a roupa suja até o fim do dia, inclusive dormir com elas. Nas creches daqui não se dá banho nem troca roupas das crianças, mesmo elas ficando o dia inteiro lá.

Acabou o almoço, eles próprios se limpam com uma toalhinha molhada (imagina a limpeza), e vão para os colchonetes para dormir. Outro problema porque eles não querem dormir e ainda pertubam os que querem. Nesta hora, todas as funcionárias param e cada uma senta entre duas crianças e à medida que dormem, muda pra outras. Eu não tinha muito problema para colocar para dormir, colocava a mão nas que deixavam e ninava elas. Às outras “não me toquem” (“don’t touch me! Grrrr…”) eu só falava baixinho até adormecerem. Outras babás, incluindo a chefe, saculejavam a criança, brigavam e até montavam com o braço em cima delas para mantê-las imóveis. Um horror, uma cena. 


A maioria das crianças não permite o toque e elas gritam: “don’t touch me” (não me toque). Nesta famosa frase, muito irritante por sinal, está embutida todas as mazelas desta sociedade recordista em suicídio, principalmente de jovens e é justamente por isso, falta de carinho e apego humano. Por outro lado o abuso sexual em casa é também uma das coisas muito praticadas aqui na Austrália nestas famílias. Dá para entender esta gente psicopata?

Bom, quando elas então acordavam, tudo se repetia como pela manhã e isto todo santo dia, a mesma rotina.

A limpeza da sala era precária, praticamente se empurrava tudo para baixo dos tapetes, o banheiro deles, aonde também trocavam-se as fraldas, era pessimamente limpo, enfim, higiene não é o forte do australiano.

Quando as crianças ficam doentes, os pais trazem elas para a creche assim mesmo, e lá elas saem espalhando para as outras, incluindo para os que trabalham com elas. Eu mesma fiquei doente 4 vezes em 3 meses. Sim, 4 viroses, incluindo gastroenterite, esta foi braba mesmo, muitos funcionários e crianças tiveram ao mesmo tempo, isto também se deve às condições precárias de higiene como já falei antes. Algumas crianças tem problema alérgico na pele, crônico, devido ao clima seco, e elas sofrem muito, principalmente na hora da troca da fralda quando é preciso tirar as roupas e estas estão grudadas no corpo. Elas choram, dá até dó delas.

Ah, esqueci de falar que, na hora da troca da fralda, eles exigem que usemos luvas, mas a própria líder de sala não usa, e grita para as funcionárias quando não estão usando. Certas líderes de sala são muito difíceis, mas encontram apoio da diretoria, pois normalmente são indicadas por alguém influente. Elas competem muito entre si, várias só se falam profissionalmente. É uma cachorrada só.

Quando eu fiz dois meses de estágio, fui convidada pela diretora para ficar como funcionária, recebendo, mas estava muito difícil eu conseguir aguentar a líder da sala. A princípio falei com a diretora que me trocou de sala, mas a fofoca ali comia no centro, além de que fiquei doente pela quarta vez, aí desisti e pedi demissão. 

Agora vamos dourar um pouquinho a pílula. Veja mais sobre a propaganda da Qantas (companhia aérea australiana) divulgada entre 1998 e 2004 envolvendo músicos australianos e crianças do coro nacional de meninos (National Boys Choir) e das meninas australianas (Australian Girls Choir) chamada “eu ainda considero Austrália a minha casa” (“I Still Call Australia Home”) nos seguintes links (em Inglês):