terça-feira, 3 de junho de 2014

O Roubo das Calcinhas

Pois é, lá venho eu falar mais uma vez da minha academia de ginástica, pois que, como a frequento todos os dias da semana, ela tornou-se uma atração à parte na Austrália. Quase todo dia eu tenho o que contar ao meu marido para rirmos juntos.

E não é que saíram roubando calcinhas lá na academia, vocês acreditam? Mas isso é muito comum de acontecer neste tal primeiro mundo que todo mundo diz que é um dos melhores lugares de se viver no planeta, o povo aqui tem muita prática nesta arte. 

Mas lá não tem homem...
Na realidade quero dizer que roubaram as calcinhas em potencial, porque ainda não estavam instaladas nas ginastas matriculadas na academia. Elas estavam à venda! Pois é, havia muitos produtos espalhados em amostras para venda, agora a dona teve que recolher tudo depois que as calcinhas começaram a desaparecer. Veja que capacidade, gente que pode pagar uma academia não poder pagar calcinhas, é safadeza mesmo, ou não é? Uma vergonha!

O sonho da australiana, G-string (fio dental)
E por falar em produtos à venda, lá também tem amostra grátis de certas novidades para ginastas, como produtos de dieta, por exemplo. Então surgiu uns pacotinhos de açúcar natural para emagrecer, que é feito de uma fruta totalmente desconhecida para mim, a fruta do monje (monk, em Inglês). Daí resolvi experimentá-lo, não o monje, mas o açúcar, melhor do que qualquer adoçante que já conhecia, mas com um preço muito caro no mercado. 

Adoçante de fruta do monje
Alguns dias depois, a dona me perguntou se eu tinha gostado e eu disse que muito, mas não do preço, então ela, que é uma pessoa de poucos amigos, me chamou no final das minhas atividades e me deu uma tonelada das amostras sem que ninguém visse. Olha que regalia! O que deu nela? Será que ela é mais uma das pessoas que estão descobrindo esta santa maravilhosa que eu sou aqui na Austrália? Finalmente, este é o ambiente a que estou acostumada, ambiente bem no estilo brasileiro, ambiente em que valho algum vintém.


Ai! Outra mulher me perguntou, como vai? Eu disse, vou ótima.
Ela disse, pois é, esta é a melhor parte, não é? Eu estava de saída.
Estas mulheres vão pra ginástica como obrigacão.
Não é o meu caso, a hora da saída é a pior.
Ainda sobre a academia de ginástica (“gym”, como falamos aqui), tem uma senhora daquelas poucas que falam com os outros, comigo principalmente, que é simpática. Outro dia ela me perguntou se eu gostava da Austrália e eu disse que não, sem nem pensar. Ela deu de ombros, daí eu perguntei de onde ela era. Ela disse que era australiana, mesmo não parecendo. Meu Deus, me quedei em desculpas para a mulher dizendo que tinha quase certeza de que ela era mais uma das milhares de estrangeiras ou descendentes de estrangeiras que a gente encontra pela frente neste país inteiro. Ela realmente descende de  francêses, mas já é quarta geração, portanto, bem australiana mesmo. Ela disse que não se importava, e chegou a sorrir comigo, então eu agora sei que posso falar o que eu quiser com ela, que ela não vai se enfezar. 


Pestinhas
Outro dia estávamos falando sobre criança porque ela pega os netos na escola 3 dias por semana, e por conta disto só vai para ginástica duas vezes por semana, mas como sei que as pessoas aqui, se não podem pagar creche, elas também não deixam com ninguém que não seja da família, então contei a ela, que ficou pasma, que nossos filhos foram para a creche depois de 4 meses de nascidos. 

Paranóia de pedofilia com criança desatendida
Ela fez várias perguntas, estatelada, como é que eu tinha coragem de deixar nossas crianças nas creches tão cedo, se eu não tinha medo ou receio e tal. Eu disse que não tinha essa paranóia de pedofilia daqui não. No Brasil se coloca empregada, mas eu preferia creche. Daí quem ficou pasma fui eu com a pasmeira dela.  

Crianças de todo lugar
Como eu estou ficando muito popular na academia, afinal estou lá todos os dias, mesmo não fazendo nenhuma amizade de verdade até hoje pois o povo aqui não passa disto, tem uma outra senhora que chegou para mim nesta segunda feira, depois de me cumprimentar e falou, você está com olheiras, precisa dormir mais. 

Maridão em casa, ai, ai...
Daí eu falei que, é que quando meu marido está em casa eu durmo pouco. 

Preferia que fosse assim...
Quando contei essa conversa pra meu marido, ele caiu na risada, pensando em outras coisas. Ela então perguntou, porquê você dorme pouco? Não dorme...? Ah, porque ele dorme pouco, vai dormir tarde, e como eu durmo mais de 8 horas, quando durmo menos do que isso, fico assim. 

Também não é assim...
A culpa é dele. Daí eu falei, e este final de semana então, foi super longo. Ele tirou mais 2 dias de folga.

Ela diz sempre que gosta muito de mim, e deve gostar mesmo, minha gente, porque a mulher é alérgica a perfume, imagine. 


Ah, meu sonho... não quero roupas, não quero jóias...
Eu sou famosa por viver totalmente perfumada, não saio de casa sem perfume, é uma coisa que não pode faltar na minha vida e prateleira, e não dou mole, é perfume todo dia. Quem quiser me agradar, me dê qualquer tipo de perfume, é tiro-e-queda.

Meu paraíso passa pelo nariz... não quero casa, não quero coisas...
Pois bem, quando a mulher chega perto de mim, dana-se a espirrar, coitadinha. Mesmo assim ela vem conversar comigo, embaixo de paus e pedras. Ela costuma usar um tubinho, então vai lá e dá uma cheirada no "puff" (paf) dela, volta a respirar por uns minutos e continua nesse processo o tempo inteiro.

Que maravilha... não quero festas, não quero luxo...
Mal eu a havia conhecido e perguntei, você não quer descansar um pouco, deve estar exagerando nos exercícios? Ela virou pra mim e disse, não é não minha filha, é que sou alérgica a perfume. 

Se o céu não for perfumado, não quero ir...
Pelo amor de Deus, minha senhora, então vá pra bem longe de mim porque eu vivo perfumada. Não senhora, eu gosto de conversar com você, eu dou um jeito, e puxou o tubinho dela e deu mais uma cheiradinha. Acho que ela é viciada...