segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Continuação III - Stress em Canberra

Naquele post "Stress em Canberra" eu falava que havia feito limpeza em casas em Canberra. Agora vocês imaginem, quem sou eu? Uma profissional de Administração de Empresas, pós-graduada em Recursos Humanos, especialista e com 17 anos de experiência trabalhando nas áreas de estatística, orçamento, vendas, em grandes empresas, bancos e serviço público brasileiro, e ex-vendedora autônoma de confecções, vulgo sacoleira. Vim pra cá pra virar um lixo. Não que o trabalho de limpeza de casas seja degradante, mas convenhamos, não é trabalho para mim na minha idade.

Talvez se eu tivesse esta idade... ("Janitor", arte de Nicole Padilha)
Porém, como eu, grande parte das pessoas que emigram para países de "primeiro mundo" acabam tendo que se sujeitar a este tipo de trabalho porque é o único que podem fazer. As pessoas dão graças a Deus existirem imigrantes como nós para livrá-las desse tipo de trabalho doméstico, mesmo assim ele não paga muito bem. Verdade que paga muito mais do que no Brasil, cerca de $50 Reais por hora, mas é um trabalho pesado e solitário. Não tem ninguém em casa pra você conversar, você entra e sai e ninguém vê. É um trabalho pesado e mal pago.

E porque fui rebaixada desse jeito? Primeiro porque meu Inglês era fraco, e ainda é, se eu comparar com o Inglês necessário para trabalhos de alto nível como o que eu tinha no Brasil. Até meu marido ainda sofre com isso, o que o impede de chegar a gerência e diretoria. Tanto eu como ele temos complexo de que não sabemos Inglês o bastante, se bem que todo mundo diga "vocês falam muito bem e até sem sotaque, que nós nem sabemos de onde vocês são". Mais hipocrisia para nos consolar? Não se pode acreditar neles.
Dando duro...
Segundo porque cansei da minha profissão depois que criei meus filhos e não quis traduzir meus certificados nem ser aprovada por uma associação relacioada à minha formação acadêmica. Para criar meus filhos, fui uma mulher moderníssima para a época, decidi parar de trabalhar para educá-los ao invés de deixá-los nas mãos de empregadas domésticas. Apesar de que eu costumava ter boas empregadas e babás na época.

Hoje em dia, no "primeiro mundo", algumas mulheres estão finalmente chegando à conclusão que eu já tinha chegado 20 anos atrás, Mulher Maravilha do jeito que eu sou, de que é melhor elas ficarem em casa e cuidarem dos filhos. Isso é um golpe fatal no feminismo, por isso o número de mulheres "inteligentes" ao ponto de toparem esse tipo de coisa "moderna" ainda é pouco. Tem quem prefira manter o marido em casa com este fim.

Acontece que minha outra carreira profissional, a carreira de "mãe", me satisfez muito mais, então era de minha intenção começar a trabalhar com crianças aqui na Austrália. 

O resto vocês já sabem... 
O samba do crioulo doido
Como não consegui porcaria nenhuma, o jeito foi descer do pedestal e fazer qualquer coisa que pudesse, então sobrou limpeza, o último degrau da escala profissional nestes países maravilhosos. Aliás, o penúltimo, porque o último é não fazer nada e viver de benefícios públicos, principalmente ficando prenha todo ano. Esse tipo de trabalho para mim não dá mais, he, he. Bem que eu queria dezenas de filhos, mas o tempo disso já passou.

2 comentários:

  1. Nossa... muito bom o seu Blog! Simples e direto! Gosto da forma como você escreve! Keep Goinggggg!! hahah..

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