sábado, 7 de dezembro de 2013

A Plantinha

Uma conhecida da ginástica que conversa comigo me falou assim: hoje o tempo está bom para “gardening” (jardinagem).

Eu olhei pra cara dela, pausei e disse, não para mim porque eu detesto “gardening”.

Oh, como é que você pode detestar jardinagem? Você não mora numa casa?
Conversa na ginástica... hum, não é bem assim...
Não, minha filha, moro num apartamento que não tem absolutamente nenhuma planta. Pra você entender melhor, já morei em casa lá em Canberra, que tinha jardim e quintal.

Pois então você deveria gostar de jardinagem.

Não senhora. Você sabe o que é recolher folhas secas de 35 árvores no quintal, colocá-las em sacos enormes pra depois, nos fins de semana, o programa ser despejar as folhas no TIP (depósito de lixo)? Você sabe o que é fazer isso completamente bloqueada por “hay fever” (alergia a pólem, “febre do feno”)?

Só aí nesta ala tem mais de 10 árvorezinhas...
Ah, bem, assim dá pra entender.

Tais árvores cresceram vorazmente e passaram do telhado da casa
Se deixássemos, as árvores ficariam assim
Pois é, de prefeência eu não quero mais ver planta nunca mais na minha vida.

Porém, e sempre tem um porém, tem uma planta lá em casa. Tem uma pequena samambaia que meu marido achou de colocar num vaso, e a danada pegou e está crescendo bonita e formosa.

Acontece que no dia em que o dedetizador veio desratizar a casa, ele notou que tinha uma planta crescendo na emenda entre o chão e a parede da varanda, bem escondidinha. Ele então arrancou a plantinha e deixou lá. Quando meu marido chegou, achou muito interessante porque era uma samambaia, e como tínhamos vasos vazios mas com terra dentro, tudo o que ele fez foi socar a samambaia num deles e pronto. Ele já havia notado aquela plantinha crescendo ali mas não havia feito caso, deixou ela lá, pensando que era uma “weed” (erva daninha).

Bem, não é a mesma planta nem o mesmo lugar, mas dá uma idéia dos lugares impossíveis onde as plantas dão... nenhuma relação com as australianas, por favor
Então, com o sol regular e o excesso de chuvas em Sydney, não foi preciso fazer exatamente nada para a plantinha pegar e crescer robusta e sadia. 

O único trabalho que estou tendo agora com plantas na minha vida é retirar este vaso da chuva, quando a água está muito medonha, o que tem acontecido em Sydney muito frequentemente nestes últimos meses. O vento é tão forte que é capaz de arrancá-la e levar embora. Então eu tiro do local onde ela fica e escondo pra protegê-la da chuva e do vento.

Tão saudável que merece uma foto na net...
Lá vem as plantas entrando na minha vida de novo. Daqui a pouco o vaso vai ficar pequeno para ela, e lá vamos nós tendo que trocar, arrumar outro maior, arranjar terra com minhoca e tal...

Aliás, esse era outro assunto que me dava pavor na jardinagem, as minhocas. Odeio minhocas e outros bichos como aruás, caracóis, lagartixas, rãs, grilos, lesmas, besouros. Isso tinha pra dar e vender em Canberra. A única coisa boa que vi naqueles anos todos foi um ninho de passarinhos numa das 35 árvores, bem ao nível do nosso nariz, embaixo da marquise da casa, bem protegido.

Ovinhos fresquinhos na hora
Crescendo as penas às penas
A família de passarinhos passou a ser nossos “pets”. Acompanhamos o esforço da mãe em construir o ninho, parir os ovinhos, chocar sem ter medo da gente, vimos os bebês nascerem, crescerem, esperarem por comida, irem pra escola,  até que resolveram todos desocupar a casa e ir embora. 

Mamãe não tinha medo de nós
Voltando à jardinagem, lá em Canberra chegamos até a “ganhar” plantas em vasos de presente. Mas que presente de grego, minha gente? Algumas me deram um trabalhão, correndo de um lado pra outro pra aguá-las dentro de casa, uma em cada canto. Além disso tínhamos até caqueiras, e vez por outra trazíamos um tipo ou outro de plantinha pra preencher certos locais dos canteiros. Mas o pior era ter que perseguir as “weeds” (ervas daninhas). Se deixássemos, elas tomavam conta, e algumas tinham espinhos bem maliciosos.

Um copo-de-leite por ano nos meus vasos...
E a grama? A grama do quintal havia sido colocada em pedaços parecendo capachos e tinha irrigação automática. Mas foi justamente quando obrigaram a gente a racionar a água pois Canberra estava secando. Por conta disso a grama ia fazendo buracos. E lá vai comprar sementinhas pra semear, daí a sementinha era de grama diferente. Ficou meio esquisito mas que me importava? No jardim os pássaros traziam sementes de outro tipo de grama que fazia tufos enormes e do meio deles cresciam umas hastes bem altas. Tome cortador de grama nela.

Quem precisa de plantas dentro de casa?
E quando já estávamos descansados, a grama crescia outra vez. Passava o ano inteiro quieta, mas no verão ela se danava a crescer. Cheia de buracos também. A luta contra as “weeds” era perene. Até Coca-Cola jogamos nelas pra ver se matava. Quando usávamos um diabo de um veneno, fazia buracos na grama. Que inferno!

Você acha lindo grama, né? Você tem jardineiro baratinho no Brasil, né? Então tá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário