quarta-feira, 8 de junho de 2011

Ratos em Sydney

Para nós, brasileiros, ratos são sinônimo de coisa nojenta, que anda pelos guetos e esgotos das ruas, transmitindo raiva e outras doenças mortais, fazendo com que tenhamos pavor e o desejo de matá-los, uma vez eles se atravessem na nossa frente.

Pois bem, recebemos um folheto em casa dizendo que nosso bairro em Sydney está infestado de ratos! Mulheres não se dão muito bem com ratos, vocês sabem.

Apareceu um tipo de rato nos quintais das casas, e ficamos alarmados, daí eu liguei logo para meu marido no trabalho dando a notícia ruim, pois afinal, significava que tinham enrolado a gente e havíamos nos mudado para um bairro empestado de ratos.

Eu não entendi direito o que li, e pedi para ele ler também depois que chegou em casa, porque não dava pra acreditar no que eu tinha lido. Parecia que os ratos eram benvindos ao invés de serem tratados como infestação. Onde já se viu? Não dava pra acreditar.

Então ele leu com bastante atenção, e realmente o folheto dizia para protegermos a espécie que está sendo ameaçada de extinção, e o fato deles terem reaparecido no nosso bairro é motivo de orgulho e regozijo, pois isso significa que eles estão sobrevivendo no meio de todos os perigos da cidade. A tal raça “bandicoot” de nariz comprido já havia sumido da cidade quase inteira.

Rato Bandidinho (Bandicoot)
Então, no meio das explicações de quem são esse bandidinhos, como reconhecê-los, como eles vivem, do que se alimentam e como são ameaçados pelos gatos domésticos soltos nas ruas, cachorros, e até raposas e atropelamentos, no folheto diz o que devemos fazer para ajudar a “preservar a rataria”!

Que tal mais esta “diferença cultural”? Ao invés de exterminar ratos, se “protegem” eles aqui.

Parece brincadeira, parece loucura, mas do meio pro fim a gente acaba mudando de humor, e passa do asco e indignação para a piedade de cuidar dos bichinhos ameaçados, coitadinhos. O que uma propaganda não faz!

No fim, acaba sendo bom a gente saber quem são eles, muito prazer em conhecê-los, sejam benvindos à nossa casa, porque, apesar de não morarmos em casa, se morássemos, então estávamos sendo instruídos de como reservar uma parte de nosso jardim ou quintal para acomodar os ilustres visitantes focinhudos. Aos donos de casas, é sugerido manter uma pequena área com plantas nativas como a natureza provê, de modo a atrair e manter os ratinhos vivos e em seus habitats. Você vai lá de vez em quando fazer bilu-bilu e fim daquela cena de subir na cadeira e dar grito fino.

O folheto ensina as crianças a descobrirem onde os ratos estão vivendo pelo formato triangular dos seus buracos, e fala sobre o que eles comem, o que para nós é uma vantagem afinal, pois, dentre outras coisas, eles comem baratas! Parece que Sydney é infestada de baratas, e até agora não recebemos nenhum folheto dizendo para “preservá-las”, pelo menos. Ufa!

Dentre os conselhos está até o de dirigir com cuidado à noite por áreas em que suspeita-se que os tais ratos vivem, a fim de não atropelá-los. Então eu cunhei a piada de que em Sydney podemos atropelar uma pessoa, mas não um rato. Difícil vai-se ver um rato no meio do escuro da noite, é mais fácil ver uma pessoa. E o ditado “você é um homem ou um rato” agora mudou de sentido!

E por falar em ratos, descobriram recentemente ratos num avião da Qantas, a companhia aérea australiana. Os ratos foram encontrados pelos comissários de bordo no armário de remédios, e imediatamente foram retirados os passageiros para uma outra aeronave, para ser feita uma isnpeção na fiação, pois uma vez roída, pode provocar um grande acidente por curto-circuito. Sabe-se que ratos gostam de roer a cobertura de fios. Será que foi um ato ou um rato terrorista?

Então, quando você decidir viajar para Sydney de avião, é melhor assumir logo que você é um rato e tem sangue de barata.

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