sexta-feira, 25 de abril de 2014

O Patrocínio

Aqui na Austrália pode-se patrocinar uma criança no terceiro mundo através de várias instituições internacionais. Através da ajuda dos patrocinadores, a criança vai para a escola primária e depois à escola secundária.

Salve as crianças
Porém, alguns aspectos são bastante questionáveis sobre esta relação criança, instituição, patrocinador.

Por exemplo, o patrocinador não pode conhecer a criança pessoalmente nem através dos anos. Todo o contato com ela tem que ser através da instituição que permite ou não o tipo de contato que a pessoa possa querer ter. A criança e seus familiares também não sabem quem é o patrocinador dela. Os contatos são feitos através de raríssimas cartinhas escritas pela criança e enviadas para o patrocinador sem maiores detalhes e muito mal uma simples foto anual, e cartões de Natal do patrocinador para a criança e família, tudo através da instituição e submetido à sua censura e crítica.

Fundo da criança
O patrocinador normal do tipo brasileiro se sente orgulhoso de ser capaz de fazer esta boa ação com crianças do terceiro mundo, incluindo o Brasil, mas como brasileiro, ele deseja muito mais do que este simples contato, o que a natureza providenciaria em seu curso natural se não fosse por alguns "senões" da intervenção da tal instituição. O grande mérito de tal instituição seria de unir pessoas que tem algumas posses com pessoas que não tem, numa ajuda mútua, pois, de sua parte, o patrocinador teria prazer de fazer parte de mais famílias, mas ela não permite este prosseguimento natural das coisas.

Família Smith
Senão, vejamos. Se eles permitem que o patrocinador conheça a criança, ele pode tentar seduzí-la com outras intenções no estilo pedofilia, que hoje em dia é tão divulgado no mundo. Se a criança ou os familiares sabem quem é o patrocinador, eles podem tentar explorá-lo para obter mais dinheiro, seja com ameaças ou simplesmente com insinuações e pedidos, ao contarem histórias de necessidades. Se eles assumirem o patrocínio por si próprios, a instituição perde significado no caso. Além disso, a família pode ter mais filhos, e até os amigos e vizinhos podem tentar conseguir patrocínio também, tornando a vida do patrocinador um inferno, e fazendo-o abandonar, enquanto que a instituição providenciaria outro patrocinador, no caso, a fim de não interromper o patrocínio. A instituição também mantém controle sobre as escolas atendidas e o comportamento das famílias, sem falar nos das crianças, promovendo situações familiares e ambientais estáveis.

Ajuda mundial batista
Ou seja, a instituição faz o bem ao manter as condições materiais da família estáveis, mas falha em promover o riquíssimo aspecto humano da relação para evitar a exploração de um mínimo percentual de gente errada. Por um lado eles estão certos, mas por outro eles falham ao não promoverem a verdadeira amizade.

Cabe à instituição evitar que desvios aconteçam, de maneira que a criança seja protegida dos eventuais predatores que venham a se aproveitar da situação beneficente, e os patrocinadores sejam protegidos de serem explorados, assediados e se aborrecerem com mais pedidos ou histórias deprimentes que os deixem em situação difícil e constrangedora.

Guy Sebastian, vencedor de um dos
Australian Idols, embaixador da World Vision
Mas nós, brasileiros, normalmente pensamos de maneira diferente.Não costumamos ajudar os necessitados com intenções funestas e caso os beneficiados apareçam com outras demandas, sabemos muito bem como mantê-los no lugar deles. Certamente que este tipo de relacionamento pode provocar discussões, desentendimentos ou até brigas. Nesse ponto, a instituição faz bem em intervir e interceptar, mantendo a coisa impessoal, mas patrocinadores do tipo brasileiros acham que eles talvez façam demais.

Alcance da World Vision
Quando começamos o tal patrocínio, podíamos enviar ou entregar presentes por conta própria e já que o escritório ficava na nossa cidade, fizemos isto, deixamos o presente lá para ser entregue na aldeia da criança patrocinada. Quando fomos lá alguns anos depois, tentamos fazer o mesmo e este escritório já não existia, não mais para receber os patrocinadores, só para correspondências e depois passamos a só poder manter contato através do escritório central na Austrália, sob um controle acirrado.


Acima o vídeo "Conviva" (Get Along) com Guy Sebastian.

Isso porque a instituição dificulta ao máximo este tipo de coisa. Ora, isso aos olhos do brasileiro não parece muito normal. Tudo o que os patrocinadores podem enviar para as crianças tem que ser "aprovado" por eles, ou seja, tudo é invenção deles, e as invenções deles são as mais ridículas possíveis como cartões de Natal e joguinhos chinfrins em Inglês, o que é pior. Além disso, de vez em quando eles aparecem com chantagens para que você se sinta obrigado a aceitar as sugestões de enviar coisas inócuas para as crianças patrocinadas, as quais você próprio não aprova. Inclusive já reclamamos sobre isso, mas anos depois eles voltaram a fazer a mesma coisa. Reclamamos que eles estavam agindo só com interesses e esquecendo-se do coração. 

Exército da Salvação (Salvation Army)
Eles chegaram ao ponto de nos enviarem vários pedidos de dinheiro por ano, colocando valores estipulados por eles próprios, e mesmo com tantas reclamações nossas e ficando de acordo conosco, eles recomeçaram a pedir, mas pelo menos agora nos deixam livres para mandarmos só aquilo que podemos arcar, mas tudo isto tem sido sob muita pressão, ignorando que já pagamos uma mensalidade bastante considerável e por vários anos. Ora, se temos que gastar tanto mais por uma única criança patrocinada, caso pudéssemos arcar arrumaríamos outra criança ao invés de gastar com uma só privilegiada.

Compaixão
Pelo menos os patrocinadores podem acompanhar o crescimento da criança e ver como ela mantém a aparência de estar sendo bem atendida na escola, na vida e na família em geral. Nesse ponto, a instituição mantém um bom controle sobre como o dinheiro dos patrocinadores tem sido usado pelas famílias. É um "bolsa-família" internacional patrocinado por qualquer pessoa que deseje dar uma de boa samaritana. Talvez tenha precedido o programa bolsa-família brasileiro, cujas pessoas gostam de falar tão mal mas com certeza não falariam mal de uma instituição internacional.

Estranhos presentes...
Para nós, brasileiros, este excesso de proteção da instituição talvez se deva à paranóia que os australianos tem com relação a tantos pervertidos que existem por aqui, se bem que este número nunca é tão grande quanto o número das pessoas realmente bem intencionadas e de bom coração, assim como também em outros países de primeiro mundo. Se fosse pelos brasileiros, as famílias se tornariam amigas e as crianças ficariam muito mais satisfeitas de saberem quem era exatamente o "padrinho" ou "madrinha" delas, além de eventualmente poderem até visitá-los no exterior, mas este conceito não passa pela cabeça dos australianos que não sabem o que é amizade e não se sentem bem com visitantes dentro das casas deles, é o que eu acho. Eles preferem ajudar, sim, fazer algo de bom, sim, "mas longe de mim, não me toque, não se meta na minha vida privada e fique na sua". Bem, antes assim do que de jeito nenhum.

Durma com uma zoada destas!


Acima, vídeo "A Arte do Amor" (The Art of Love) com Guy Sebastian e Jordin Sparks.

Para terminar, esqueci de falar que, no começo, havíamos selecionado uma criança brasileira pois só queríamos se fosse assim. Eles nos arranjavam um garotinho que aniversariava no mesmo dia de um irmão meu. Logo depois eles disseram que haviam retirado o garoto do programa de benefícios e nos ofereceram afrcanos. Ora, se tínhamos gnete precisando no Brasil, porque iríamos ajudar africanos assim, como simples objetos inanimados saídos do nada? Não aceitamos até que eles acharam outra criança brasileira que está conosco até hoje.

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