No ônibus |
No início nós pensávamos que o povo era mesmo resistente e superava as desgraças com um sorriso nos lábios, que eles tinham uma educação a ser assimilada por nós, que por sermos latinos tendemos a dramatizar, aumentar o sofrimento, chorar, dar escândalos (aqueles com menos educação). Eles diziam “são só coisas materiais que a gente repõe, o mais importante é que estamos vivos, escapamos”, como se fossem espiritualizados e acreditassem em algo além da morte. Mas não, não é nada disso.
Para nossa decepção, trata-se de desculpas fáceis na ponta da língua para isentá-los de qualquer responsabilidade ou sentimento. Quando eles dizem assim, camuflam que não estão sentindo absolutamente nada. Quantos deles (ou delas, principalmente) não tem uns óculos escuros bem à mão para pensarem que estão ou estiveram chorando? Quem vai se atrever a retirar os óculos deles pra ver se estão mesmo?
Dick Smith discursa no funeral da primeira aviadora australiana, falecida aos 93 anos (Foto de Sergio Dionisio/Getty Images AsiaPac) |
Durante funeral de refugiados, quanta diferença |
Fico comparando as cenas como se fosse no meu Brasil. Se isso acontecesse, a suposta “mãe” iria fazer um escândalo, mandar parar o ônibus, chamar o motorista pra retirar a menina, e todas as pessoas do ônibus iriam se aglomerar tentando ajudar, e os três homens de uma vez iriam desmontar o assento pra livrar a menina. Então a mãe iria agradecer a todo mundo, pedir muitas desculpas, e ainda ficar falando um monte de coisas, tudo o que viesse em sua cabeça, além de repreender a menina por andar fazendo o que não devia, estar longe dela, e tudo o que tivesse direito.
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