Ah, taí, achei alguma coisa
legal depois de 2 anos para fazer em Sydney, quer dizer, diferente do que eu
conheço só em termos de Austrália, pois já falei em um post sobre como funciona
academias de ginástica em Canberra.
Achei uma academia de
ginástica perto de casa que me lembra o Brasil! Lá estou eu voltando a
fazer a minha maravilhosa ginástica com a qual me sinto tão bem, finalmente.
Tudo bem, tem anuidade (tem que contratar por um ano inteiro), mas pelo menos
esta merece.
Não, não tem aeróbica, mas tem Zumba! |
É pequena, mas
aconchegante. As instrutoras (é só feminina) não precisam ser pagas para nos
dar conselhos, nos ensinar novos exercícios, e nos corrigir quando estamos
fazendo errado. Em Canberra, você tinha que pagar extra e bem caro para
dizer oi para o treinador. Se ele visse você fazer exercício errado, ele
deixava pra você se entortar todinha e depois ir para o hospital. Algumas
pessoas provavelmente milionárias, tinham treinadores só para elas, um
acinte aos outros frequentadores.
Ficamos obrigados a engolir
um ano inteiro aquela enorme academia, com instrutores passeando prá lá e prá
cá, tagarelando muitas vezes com os jovenzinhos, galinhando, o que era
insuportável. O povo precisando claramente de instruções e eles galinhando.
Velhinhos e velhinhas entortando cada vez mais por fazerem exercícios sem
orientação, e eles tagarelando. Dava vontade de jogar pedras neles, se
houvessem pedras.
Em Sydney as instrutoras
são legais e não costumam se juntar às clientes para tagarelar. Quanto às
clientes, estas tanto faz serem legais ou não. De um modo geral não são. Aqui a coisa funciona assim, por exemplo, ontem uma
mulher se instalou na máquina de andar colada com a minha e nem sequer olhou de
lado. Ela já entrou na academia com os fones de ouvido nas orelhas, mesmo que
tenha som de qualidade na academia. Quando eu chego na academia, olho e dou “boa
tarde” pra quem quer que cruze comigo, mas a maioria dos australianos não é
assim, eles lhe ignoram completamente, não são capazes de falar absolutamente
nada, nem um “hi” (oi) ou até mesmo soltar-lhe um ar de riso. É impressionante!
Outro dia na mesma máquina,
conheci uma australiana que pareve ter
gostado de mim e começou a puxar papo, e conversamos bastante, ela toda
interessada em saber coisas do Brasil, pois notou meu sotaque e perguntou de onde
eu era. E toda vez que nos encontrávamos, entabulávamos uma conversa bem ao
estilo brasileiro a que estou acostumada. Então, como é normal na nossa cultura
brasileira, a certa altura falei que podíamos continuar a conversa em casa, que
ela podia me fazer uma visita quando tomaríamos um cafezinho.
A mulher sumiu. Trocou de
horário, sei lá o que. Diga-se de passagem que ela foi uma raridade na
ginástica onde praticamente ninguém troca palavra.
O que aconteceu?
Até parece comigo... |
Conhecendo a cultura daqui, não
se tem o costume de se convidar alguém para sua casa, pois toda vez que eu e
meu marido tentamos isso, demos com os burros n'água. Mas eu caí nessa
outra vez, me esquecendo que sou brasileira.
Praticamente, todo
mundo que quis conversar conosco, marcou encontro num café. Isso significou
pagar caro pra tomar um mísero cafezinho com bolinho sem ter vontade, e ter uma
conversa que não pode passar de 1 a 1 hora e meia. Tudo bem frívolo do jeito
que eles gostam, bonito, chique e sem compromisso.
Eles são incapazes de
relaxar na casa de alguém como a gente faz. Sei lá o que pensam, mas uma das
coisas que estou sabendo é que eles não querem a obrigação de terem que
oferecer a mesma coisa na casa deles, ao mesmo tempo em que, se eles aceitam,
se sentem obrigados a retribuir. E eles não querem retribuir por vários
motivos, um deles é que frequentemente suas casas são um bagunça inacreditável.
Na realidade eles não gostam que invadam sua privacidade.
Concluindo, muita gente
realmente puxa conversa, mas nunca leva a nada além disso, não se faz amizade.
É de um jeito que desisti de conversar assim ao léu. Ah, bom, já entendi. Eles
provavelmente já sacaram isso antes de mim, por isso nem tiram o fone do
ouvido. Que burra que sou.
E não é que estou adorando esmurrar o saco? |
Ao mesmo tempo tem gente
que cruza com você no complexo onde você mora com cara de bicho. Dá até
calafrios. É muita gente mal-amada, minha gente. Nem mesmo os brasileiros que
continuamos a encontrar na cidade o tempo inteiro, eu não paro mais pra falar
com eles e dizer, falam Português, são de onde? Desde o dia em que uma amiga
minha me falou que muitos são ilegais (atenção, eu falei “ilegais” mesmo),
então eles dizem que vão ligar pra você, e jamais ligam, com medo de serem
denunciados. Visitá-los, nem pensar. Até mesmo os portugueses do bairro
Português já estão adaptados à cultura australiana e dalí da conversa sobre o
balcão da loja deles não passa. Durma com uma zoada destas.
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