domingo, 10 de novembro de 2013

Ginástica em Sydney

Ah, taí, achei alguma coisa legal depois de 2 anos para fazer em Sydney, quer dizer, diferente do que eu conheço só em termos de Austrália, pois já falei em um post sobre como funciona academias de ginástica em Canberra.

Achei uma academia de ginástica perto de casa que me lembra o Brasil! Lá estou eu voltando a fazer a minha maravilhosa ginástica com a qual me sinto tão bem, finalmente. Tudo bem, tem anuidade (tem que contratar por um ano inteiro), mas pelo menos esta merece.

Não, não tem aeróbica, mas tem Zumba!

É pequena, mas aconchegante. As instrutoras (é só feminina) não precisam ser pagas para nos dar conselhos, nos ensinar novos exercícios, e nos corrigir quando estamos fazendo errado. Em Canberra, você tinha que pagar extra e bem caro para dizer oi para o treinador. Se ele visse você fazer exercício errado, ele deixava pra você se entortar todinha e depois ir para o hospital. Algumas pessoas provavelmente milionárias, tinham treinadores só para elas, um acinte aos outros frequentadores.

Ficamos obrigados a engolir um ano inteiro aquela enorme academia, com instrutores passeando prá lá e prá cá, tagarelando muitas vezes com os jovenzinhos, galinhando, o que era insuportável. O povo precisando claramente de instruções e eles galinhando. Velhinhos e velhinhas entortando cada vez mais por fazerem exercícios sem orientação, e eles tagarelando. Dava vontade de jogar pedras neles, se houvessem pedras.

Em Sydney as instrutoras são legais e não costumam se juntar às clientes para tagarelar. Quanto às clientes, estas tanto faz serem legais ou não. De um modo geral não são. Aqui a coisa funciona assim, por exemplo, ontem uma mulher se instalou na máquina de andar colada com a minha e nem sequer olhou de lado. Ela já entrou na academia com os fones de ouvido nas orelhas, mesmo que tenha som de qualidade na academia. Quando eu chego na academia, olho e dou “boa tarde” pra quem quer que cruze comigo, mas a maioria dos australianos não é assim, eles lhe ignoram completamente, não são capazes de falar absolutamente nada, nem um “hi” (oi) ou até mesmo soltar-lhe um ar de riso. É impressionante!

Outro dia na mesma máquina, conheci uma  australiana que pareve ter gostado de mim e começou a puxar papo, e conversamos bastante, ela toda interessada em saber coisas do Brasil, pois notou meu sotaque e perguntou de onde eu era. E toda vez que nos encontrávamos, entabulávamos uma conversa bem ao estilo brasileiro a que estou acostumada. Então, como é normal na nossa cultura brasileira, a certa altura falei que podíamos continuar a conversa em casa, que ela podia me fazer uma visita quando tomaríamos um cafezinho.

A mulher sumiu. Trocou de horário, sei lá o que. Diga-se de passagem que ela foi uma raridade na ginástica onde praticamente ninguém troca palavra.

O que aconteceu?

Até parece comigo...
Conhecendo a cultura daqui, não se tem o costume de se convidar alguém para sua casa, pois toda vez que eu e meu marido tentamos isso, demos com os burros n'água. Mas eu caí nessa outra vez, me esquecendo que sou brasileira.

Praticamente, todo mundo que quis conversar conosco, marcou encontro num café. Isso significou pagar caro pra tomar um mísero cafezinho com bolinho sem ter vontade, e ter uma conversa que não pode passar de 1 a 1 hora e meia. Tudo bem frívolo do jeito que eles gostam, bonito, chique e sem compromisso. 

Eles são incapazes de relaxar na casa de alguém como a gente faz. Sei lá o que pensam, mas uma das coisas que estou sabendo é que eles não querem a obrigação de terem que oferecer a mesma coisa na casa deles, ao mesmo tempo em que, se eles aceitam, se sentem obrigados a retribuir. E eles não querem retribuir por vários motivos, um deles é que frequentemente suas casas são um bagunça inacreditável. Na realidade eles não gostam que invadam sua privacidade.

Concluindo, muita gente realmente puxa conversa, mas nunca leva a nada além disso, não se faz amizade. É de um jeito que desisti de conversar assim ao léu. Ah, bom, já entendi. Eles provavelmente já sacaram isso antes de mim, por isso nem tiram o fone do ouvido. Que burra que sou.

E não é que estou adorando esmurrar o saco?
Ao mesmo tempo tem gente que cruza com você no complexo onde você mora com cara de bicho. Dá até calafrios. É muita gente mal-amada, minha gente. Nem mesmo os brasileiros que continuamos a encontrar na cidade o tempo inteiro, eu não paro mais pra falar com eles e dizer, falam Português, são de onde? Desde o dia em que uma amiga minha me falou que muitos são ilegais (atenção, eu falei “ilegais” mesmo), então eles dizem que vão ligar pra você, e jamais ligam, com medo de serem denunciados. Visitá-los, nem pensar. Até mesmo os portugueses do bairro Português já estão adaptados à cultura australiana e dalí da conversa sobre o balcão da loja deles não passa. Durma com uma zoada destas.

P.S. Para quem não sabe, Zumba é mistura de Samba com Rumba e é comigo mesma!

"Me virando" em Sydney... no bambolê


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