Naquele post "Stress em Canberra" eu falava que havia feito limpeza em
casas em Canberra. Agora vocês imaginem, quem sou eu? Uma profissional de
Administração de Empresas, pós-graduada em Recursos Humanos, especialista e
com 17 anos de experiência trabalhando nas áreas de estatística,
orçamento, vendas, em grandes empresas, bancos e serviço público brasileiro, e
ex-vendedora autônoma de confecções, vulgo sacoleira. Vim pra cá pra virar um
lixo. Não que o trabalho de limpeza de casas seja degradante, mas convenhamos,
não é trabalho para mim na minha idade.
Talvez se eu tivesse esta idade... ("Janitor", arte de Nicole Padilha) |
Porém, como eu, grande parte das pessoas que emigram
para países de "primeiro mundo" acabam tendo que se sujeitar a este tipo de
trabalho porque é o único que podem fazer. As pessoas dão graças a Deus
existirem imigrantes como nós para livrá-las desse tipo de trabalho doméstico,
mesmo assim ele não paga muito bem. Verdade que paga muito mais do que no
Brasil, cerca de $50 Reais por hora, mas é um trabalho pesado e solitário.
Não tem ninguém em casa pra você conversar, você entra e sai e ninguém vê. É um
trabalho pesado e mal pago.
E porque fui rebaixada desse jeito? Primeiro porque
meu Inglês era fraco, e ainda é, se eu comparar com o Inglês necessário para
trabalhos de alto nível como o que eu tinha no Brasil. Até meu marido ainda
sofre com isso, o que o impede de chegar a gerência e diretoria. Tanto eu como
ele temos complexo de que não sabemos Inglês o bastante, se bem que todo mundo
diga "vocês falam muito bem e até sem sotaque, que nós nem sabemos de onde
vocês são". Mais hipocrisia para nos consolar? Não se pode acreditar
neles.
Dando duro... |
Segundo porque cansei da minha profissão depois que
criei meus filhos e não quis traduzir meus certificados nem ser aprovada por
uma associação relacioada à minha formação acadêmica. Para criar meus filhos,
fui uma mulher moderníssima para a época, decidi parar de trabalhar para
educá-los ao invés de deixá-los nas mãos de empregadas domésticas. Apesar
de que eu costumava ter boas empregadas e babás na época.
Hoje em dia, no "primeiro mundo", algumas mulheres estão
finalmente chegando à conclusão que eu já tinha chegado 20 anos atrás, Mulher
Maravilha do jeito que eu sou, de que é melhor elas ficarem em casa e cuidarem
dos filhos. Isso é um golpe fatal no feminismo, por isso o número de mulheres
"inteligentes" ao ponto de toparem esse tipo de coisa
"moderna" ainda é pouco. Tem quem prefira manter o marido em casa com
este fim.
Acontece que minha outra carreira profissional, a
carreira de "mãe", me satisfez muito mais, então era de minha
intenção começar a trabalhar com crianças aqui na Austrália.
O resto vocês já sabem...
O samba do crioulo doido |
Como não consegui porcaria nenhuma, o jeito foi
descer do pedestal e fazer qualquer coisa que pudesse, então sobrou limpeza, o
último degrau da escala profissional nestes países maravilhosos. Aliás, o
penúltimo, porque o último é não fazer nada e viver de benefícios públicos,
principalmente ficando prenha todo ano. Esse tipo de trabalho para mim não dá
mais, he, he. Bem que eu queria dezenas de filhos, mas o tempo disso já passou.
Nossa... muito bom o seu Blog! Simples e direto! Gosto da forma como você escreve! Keep Goinggggg!! hahah..
ResponderExcluirQue bom que você gostou, obrigada.
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