No último post eu mostrei
que, mesmo aqui na Austrália, se você tem boca, também vai à Roma.
Eu digo “mesmo aqui na
Austrália” porque não é a maioria das pessoas que gosta de dar informações não.
Aliás, se for australiano da gema, muito pior.
Tem mulheres que entufam a
cara pra você, deixando bem claro que não querem conversa, muito menos
responder a suas perguntas imbecis. Só pode ser assim que pensam. Estas pessoas
foram criadas ao Deus dará, e se estão vivas é por puro acaso, obra e graça do
Senhor, que eles nem acreditam, então eles pensam que você também deve ser
assim, largada às traças pra se virar sozinha.
Até meus filhos assimilaram
a cultura australiana. Ontem ambos estavam cada um numa cidade diferente, e
quando eu lhes mandava mensagens pelo celular perguntando sobre como estavam se
virando, eles respondiam, “sim”, “é”, “sim, sim e sim”. Já chegou? “Sim”. Tá
muito frio? “Não”. Almoçou direito? “Sim”. Vai chegar cedo amanhã? Encontrou seus
amigos? Está se divertindo? “Sim, sim, sim”.
Povinho arrogante... |
Ainda bem que, pelo menos
em casa, eles falam bastante e contam um bocado de coisas. Vai ver que eles tem
vergonha destes pais invasores da privacidade e pra não chamar a atenção dos “amigos”
e eles não caçoarem deles, eles respondem provavelmente até sem olhar, dentro
do bolso ou da bolsa, passando o dedinho que já escreve a palavra “sim”
automaticamente e ninguém nem vê, né?
Mas, é verdade. Você acaba
desistindo de perguntar às pessoas porque simplesmente você não acha ninguém
para perguntar. Mas eu não desisto, sou mulher, e mulher pergunta, quem não
pergunta é homem. Até parece que neste pais sé tem homens, porque metade das
mulheres querem ser homens também.
Embaraçado, envergonhado... |
Perdão, eu conheço você? |
Uma das coisas que mais me
deixa feliz no Brasil é a solicitude das pessoas. Quando a gente pára na frente
de um mapa daqueles do metrô, param duas ou tres pessoas querendo ajudar.
Quando a gente sobe num ônibus frescão no Rio de Janeiro ou pega um táxi, o
motorista se elege nosso guia turístico. E isso não quer dizer que estão atrás
de dinheiro ou gorjeta, é simplesmente pelo prazer de servir e de passar uma
boa horinha agradável, conversando e descobrindo coisas, e até quem sabe,
fazendo amizade.
Outro dia eu estava me
lembrando de uma pá de brasileiros que vive aqui, que encontramos no clube dos
brasileiros. Todos praticamente se adaptaram porque eles dão o telefone, ligam
uma vez, pra nunca mais. Falam que vão fazer isso e aquilo, e desaparecem.
Assim mesmo são os australianos. Quantas amigas australianas eu não arranjei
com quem eu ia tomar café uma única vez e depois elas torciam a cara
quando cruzavam comigo no shopping? Porque seria? Será que tenho doença
contagiosa?
... que nem eu fosse a morte... |
Não, o problema não é meu, porque quando elas “decidem”, do mesmo
jeito elas olham pra mim quando cruzam, param pra conversar e até beijinhos
saem de vez em quando. É que elas são assim mesmo. Suponho que elas só falam
com você quando “convém” (para elas, é claro).
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