Aqui na Austrália pode-se
patrocinar uma criança no terceiro mundo através de várias instituições internacionais. Através da ajuda dos patrocinadores, a criança vai
para a escola primária e depois à escola secundária.
Salve as crianças |
Porém, alguns aspectos são
bastante questionáveis sobre esta relação criança, instituição, patrocinador.
Por exemplo, o patrocinador
não pode conhecer a criança pessoalmente nem através dos anos. Todo o contato
com ela tem que ser através da instituição que permite ou não o tipo de contato
que a pessoa possa querer ter. A criança e seus familiares também não sabem
quem é o patrocinador dela. Os contatos são feitos através de raríssimas
cartinhas escritas pela criança e enviadas para o patrocinador sem maiores detalhes
e muito mal uma simples foto anual, e cartões de Natal do patrocinador para a
criança e família, tudo através da instituição e submetido à sua censura e
crítica.
Fundo da criança |
O patrocinador normal do
tipo brasileiro se sente orgulhoso de ser capaz de fazer esta boa ação com
crianças do terceiro mundo, incluindo o Brasil, mas como brasileiro, ele deseja
muito mais do que este simples contato, o que a natureza providenciaria em seu
curso natural se não fosse por alguns "senões" da intervenção da tal
instituição. O grande mérito de tal instituição seria de unir pessoas que tem
algumas posses com pessoas que não tem, numa ajuda mútua, pois, de sua parte, o
patrocinador teria prazer de fazer parte de mais famílias, mas ela não permite
este prosseguimento natural das coisas.
Família Smith |
Senão, vejamos. Se eles
permitem que o patrocinador conheça a criança, ele pode tentar seduzí-la com
outras intenções no estilo pedofilia, que hoje em dia é tão divulgado no mundo.
Se a criança ou os familiares sabem quem é o patrocinador, eles podem tentar
explorá-lo para obter mais dinheiro, seja com ameaças ou simplesmente com
insinuações e pedidos, ao contarem histórias de necessidades. Se eles assumirem
o patrocínio por si próprios, a instituição perde significado no caso. Além
disso, a família pode ter mais filhos, e até os amigos e vizinhos podem tentar
conseguir patrocínio também, tornando a vida do patrocinador um inferno, e
fazendo-o abandonar, enquanto que a instituição providenciaria outro
patrocinador, no caso, a fim de não interromper o patrocínio. A instituição
também mantém controle sobre as escolas atendidas e o comportamento das
famílias, sem falar nos das crianças, promovendo situações familiares e
ambientais estáveis.
Ajuda mundial batista |
Ou seja, a instituição faz
o bem ao manter as condições materiais da família estáveis, mas falha em
promover o riquíssimo aspecto humano da relação para evitar a exploração de um
mínimo percentual de gente errada. Por um lado eles estão certos, mas por outro
eles falham ao não promoverem a verdadeira amizade.
Cabe à instituição evitar
que desvios aconteçam, de maneira que a criança seja protegida dos eventuais predatores que venham a se aproveitar da situação beneficente, e os
patrocinadores sejam protegidos de serem explorados, assediados e se aborrecerem com mais
pedidos ou histórias deprimentes que os deixem em situação difícil e
constrangedora.
Guy Sebastian, vencedor de um dos Australian Idols, embaixador da World Vision |
Mas nós, brasileiros, normalmente
pensamos de maneira diferente.Não costumamos ajudar os necessitados com
intenções funestas e caso os beneficiados apareçam com outras demandas, sabemos
muito bem como mantê-los no lugar deles. Certamente que este tipo de
relacionamento pode provocar discussões, desentendimentos ou até brigas. Nesse
ponto, a instituição faz bem em intervir e interceptar, mantendo a coisa
impessoal, mas patrocinadores do tipo brasileiros acham que eles talvez façam
demais.
Alcance da World Vision |
Quando começamos o tal
patrocínio, podíamos enviar ou entregar presentes por conta própria e já que o
escritório ficava na nossa cidade, fizemos isto, deixamos o presente lá para
ser entregue na aldeia da criança patrocinada. Quando fomos lá alguns anos
depois, tentamos fazer o mesmo e este escritório já não existia, não mais para
receber os patrocinadores, só para correspondências e depois passamos a só poder
manter contato através do escritório central na Austrália, sob um controle acirrado.
Acima o vídeo "Conviva" (Get Along) com Guy Sebastian.
Isso porque a instituição
dificulta ao máximo este tipo de coisa. Ora, isso aos olhos do brasileiro não parece muito
normal. Tudo o que os patrocinadores podem enviar para as crianças tem que
ser "aprovado" por eles, ou seja, tudo é invenção deles, e as
invenções deles são as mais ridículas possíveis como cartões de Natal e
joguinhos chinfrins em Inglês, o que é pior. Além disso, de vez em quando
eles aparecem com chantagens para que você se sinta obrigado a aceitar as
sugestões de enviar coisas inócuas para as crianças patrocinadas, as quais você
próprio não aprova. Inclusive já reclamamos sobre isso, mas anos depois eles
voltaram a fazer a mesma coisa. Reclamamos que eles estavam agindo só com
interesses e esquecendo-se do coração.
Exército da Salvação (Salvation Army) |
Eles chegaram ao ponto de
nos enviarem vários pedidos de dinheiro por ano, colocando valores estipulados
por eles próprios, e mesmo com tantas reclamações nossas e ficando de acordo
conosco, eles recomeçaram a pedir, mas pelo menos agora nos deixam livres para
mandarmos só aquilo que podemos arcar, mas tudo isto tem sido sob muita pressão,
ignorando que já pagamos uma mensalidade bastante considerável e por vários
anos. Ora, se temos que gastar tanto mais por uma única criança patrocinada,
caso pudéssemos arcar arrumaríamos outra criança ao invés de gastar com uma só
privilegiada.
Compaixão |
Pelo menos os
patrocinadores podem acompanhar o crescimento da criança e ver como ela mantém
a aparência de estar sendo bem atendida na escola, na vida e na família em
geral. Nesse ponto, a instituição mantém um bom controle sobre como o dinheiro
dos patrocinadores tem sido usado pelas famílias. É um "bolsa-família"
internacional patrocinado por qualquer pessoa que deseje dar uma de boa
samaritana. Talvez tenha precedido o programa bolsa-família brasileiro, cujas
pessoas gostam de falar tão mal mas com certeza não falariam mal de uma
instituição internacional.
Estranhos presentes... |
Para nós, brasileiros, este
excesso de proteção da instituição talvez se deva à paranóia que os
australianos tem com relação a tantos pervertidos que existem por aqui, se bem
que este número nunca é tão grande quanto o número das pessoas realmente bem
intencionadas e de bom coração, assim como também em outros países de primeiro
mundo. Se fosse pelos brasileiros, as famílias se tornariam amigas e as
crianças ficariam muito mais satisfeitas de saberem quem era exatamente o
"padrinho" ou "madrinha" delas, além de eventualmente
poderem até visitá-los no exterior, mas este conceito não passa pela cabeça dos
australianos que não sabem o que é amizade e não se sentem bem com visitantes
dentro das casas deles, é o que eu acho. Eles preferem ajudar, sim, fazer algo de bom, sim,
"mas longe de mim, não me toque, não se meta na minha vida privada e fique
na sua". Bem, antes assim do que de jeito nenhum.
Durma com uma zoada destas!
Acima, vídeo "A Arte do Amor" (The Art of Love) com Guy Sebastian e Jordin Sparks.
Para terminar, esqueci de falar que, no começo, havíamos selecionado uma criança brasileira pois só queríamos se fosse assim. Eles nos arranjavam um garotinho que aniversariava no mesmo dia de um irmão meu. Logo depois eles disseram que haviam retirado o garoto do programa de benefícios e nos ofereceram afrcanos. Ora, se tínhamos gnete precisando no Brasil, porque iríamos ajudar africanos assim, como simples objetos inanimados saídos do nada? Não aceitamos até que eles acharam outra criança brasileira que está conosco até hoje.
Para terminar, esqueci de falar que, no começo, havíamos selecionado uma criança brasileira pois só queríamos se fosse assim. Eles nos arranjavam um garotinho que aniversariava no mesmo dia de um irmão meu. Logo depois eles disseram que haviam retirado o garoto do programa de benefícios e nos ofereceram afrcanos. Ora, se tínhamos gnete precisando no Brasil, porque iríamos ajudar africanos assim, como simples objetos inanimados saídos do nada? Não aceitamos até que eles acharam outra criança brasileira que está conosco até hoje.